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Com as mudanças fundamentais que o formato Padrão trouxe, um dos ajustes mais importantes que um jogador tem que fazer é entender que às vezes não dá para virar o jogo. Da mesma forma, existem muitos casos onde você precisa apostar todas as suas fichas na mesa onde antes você poderia optar por não fazê-lo.
O que é o metagame binário?
Além de manter a quantidade de cartas no formato principal em um nível razoável, um dos principais objetivos do modo Padrão era reduzir o nível de força de Naxxramas e Goblins vs Gnomos. Muitas cartas desses conjuntos eram tão eficazes que automaticamente eram incluídas na maioria dos decks durante vários anos, e oprimiram algumas das interessantes, porém menos poderosas adições das expansões posteriores.
(Não quer dizer que não hajam alguns novos lacaios relevantes por aí…)
Em geral, ou eram cartas poderosas com Último Suspiro – que ajudavam você a manter o seu momentum existente – ou cartas como Preparação de Batalha, que possuia um efeito Grito de Guerra forte o bastante para imediatamente “virar” a mesa de alguma forma, algo que um board clear geralmente não conseguiria fazer sozinho. A maioria delas estão fora do Padrão. O que significa que, se você está com o momentum, é mais fácil manter ele do que era antigamente – porém você terá que estar pronto para apertar o botão conceder se você acabar perdendo isso.
Certas cartas em específico, como Machado de Guerra Abrasador ou Saqueador de Tumbas possuem um percentual de vitória extremamente alta quando compradas na curva. Em outras palavras, ou seu adversário tem aquela Briga no turno 5 – e nesse caso, você provavelmente perderá – ou ele não tem, o que significa que você provavelmente ganhará. Ambos os decks, aggro e controle, foram atraídos para esses pontos críticos, o que significa que ter uma certa carta em um ponto específico relevante em um jogo provavelmente irá determinar de imediato o resultado, mais do que seria antes.
Em outras palavras, isso é um metagame binário.
Esse desenvolvimento teve um sério efeito sobre todos os aspectos de Hearthstone – seja constructed, arena ou o cenário de torneios. Este artigo irá focar no primeiro dos três.
Da virada para o tempo: a morte dos decks controle
Com o desaparecimento de muitas dessas cartas “de virada” mencionadas anteriormente – que não só mudam o estado da mesa como também trazem iniciativa para aquele que as jogou – tempo se tornou mais importante do que nunca. Isso, por sua vez, levou ao quase completo desaparecimento de decks controle no alto escalão do jogo constructed.
Lembrem-se, cartas de efeito-em-área não trazem iniciativa, já que elas em geral são muito caras para permitir você desenvolver lacaios ao mesmo tempo em que as usa. O que significa que decks controle são quase completamente incapazes de retomar a iniciativa de suas contrapartes mais rápidas, quase sempre ficando para trás. Se eles falham em uma resposta, o jogo em geral acabou para eles. Não há nenhum deck de fadiga viável no formato atual e enquanto buscar valor individual e vantagem de carta quase nunca foi uma estratégia viável no Constructed, agora é essencialmente impossível fazer isso com as opções de cartas atuais.
A importância de tempo levou a inclusão de muitos mais lacaios de início de jogo em decks mid-range e agressivos do que antes. O exemplo perfeito desse fenômeno seria o Caçador Midrange, onde você é forçado a jogar lacaios de custo 2 quase sem efeito com o objetivo de maximizar as chances de colocá-los na mesa no início do jogo. Você dificilmente irá ganhar com esse deck se você for forçado a usar o Poder Heróico no turno 2.
Novamente – um ponto específico no jogo (nesse caso, ter um lacaio jogável no seu segundo turno) é um momento muito mais decisivo para o resultado final do que antes.
Note como uma dinâmica similar está em jogo para um Renolock devido à remoção do Robô de Cura Vintage: o nosso pequeno amigo metálico tinha um papel crucial no deck, dando a você alguns turnos extras para achar o Reno Jackson contra os decks aggro. As patéticas alternativas disponíveis no modo Padrão (Clarividente Telúrico e Vendedor de Salgadinhos não garantem cura o suficiente, Boticário do Culto não é confiável) significam que você agora tende muito mais a perder caso não compre o Reno Jackson em suas primeiras dez cartas do que no metagame anterior.
Com a falta de cartas adequadas para segurar o jogo e curas poderosas, você simplesmente não pode fazer nada a respeito. Não me espanta que o deck é muito mais popular em torneios, onde você é capaz de anular suas matchups extremamente desfavoráveis com algum veto bem pensado.
O zoo precisa de uma manutenção melhor
As mudanças nos decks Zoo também destacam a importância dessa evolução do jogo. Para minimizar a possibilidade de perder poderosas jogadas no início do jogo, as versões atualmente favorecidas do deck estão agora lotadas de lacaios de custo 1. Claro, Zoo foi um dos que mais perderam com a introdução do modo Padrão em termos de nível de poder – ele perdeu lacaios cruciais de início de jogo como Rastejante Assombrado e Ovo Nerubiano, e uma carta de “virada” muito poderosa, a Implosão de Diabrete.
As primeiras perdas significam que você está mais suscetível a cartas AoE, devido a falta de lacaios mais difíceis de remover, e a última significa que, se você perder o controle da mesa, será muito mais difícil limpar as forças do adversário ao mesmo tempo em que repopula seu lado da mesa. A solução para isso foi preencher o deck com uma quantidade incrível de lacaios de custo 1 para garantir o controle da mesa no início do jogo o mais rápido possível – e continuar com isso até o fim do jogo.
(Se perder a mesa, não tem retorno.)
Isso, no entanto, significa que se sua mesa for mesmo limpa, provavelmente você terá mais lacaios de custo muito baixo para repopular a mesa do que costumava ter antes – ou seja, sua “segunda onda” será dominante mais facilmente. Então, como vencer as cartas que limpam sua mesa? É aí que está: você realmente quer tentar? Estatisticamente falando, seu adversário muitas vezes não terá sua tão necessária carta AoE. Nessas situações, ir com tudo fará você vencer o jogo na hora.
O fim está próximo
A remoção da maioria dos efeitos de Silenciar viáveis levou à dominância (bem apropriada) do Agoureiro em decks controle e as vezes midrange. Na maioria dos casos, você realmente tem que gastar os 7 de dano nele ou sofrerá as consequências – o que torna essa uma jogada tão poderosa de turno 2 contra a maioria das estratégias mais lentas do momento.
Isso quer dizer que você deve jogar em torno dele e não baixar seu Tunnel Trogg no turno 1 como Xamã? Óbvio que não – você só tem que contar com a sorte e torcer para que ele não tenha em mãos uma carta específica que ele buscou violentamente no mulligan (50,54% de chance, essencialmente um cara ou coroa). Nesse sentido, suas opções ficaram mais limitadas nesse novo formato.
(Dr. Agoureiro não é brincadeira)
Essa não é a única razão de por que você provavelmente deverá jogar menos em torno de counter – isso não só se tornou mais difícil no modo Padrão em geral, como também esse não é o método mais otimizado para subir a ladder. Já que sua taxa de vitória é insignificante se você quer chegar a Lenda rapidamente – basta apenas conseguir os 25 pontos ou mais a partir do ranque 5 o mais rápido possível – você irá querer jogos curtos com decks rápidos, agressivos.
E sendo que seu oponente provavelmente não terá essas cartas “de virada” comparado a antes devido a algumas dessas estarem fora do formato (e você também terá menos chances de voltar ao jogo caso alguma dessas sejam jogadas), o método mais eficiente é ir com tudo e garantir o jogo em um ou dois turnos caso seu adversário não tenha uma resposta imediata para o ataque. Não é preciso dizer que, se você quer um ranque Lenda maior, essa não é uma estratégia viável – mas para a maioria dos meros mortais por aí, esse método pode muito bem acelerar um pouco seu trabalho.
Controlando multidões
Os Deuses Antigos introduziram lacaios de custo 10 muito poderosos com efeitos imediatos fortes – o que oferece um avanço eficiente contra decks mais lentos enquanto também altera bastante as matchups controle versus controle.
(A menos que isso aconteça.)
Essas matchups costumavam ser um caso de cauteloso gerenciamento de recursos, alinhando todas as suas remoções com as maiores ameaças do adversário até que alguém cometesse algum equívoco – e aturando ainda a galera sonolenta do chat. N’Zoth altera completamente essa dinâmica: você precisa poupar uma de suas principais limpeza de campo para a chegada do Deus Antigo e o retorno subsequente de todos os lacaios pesados que você já matou, ou você perderá na hora.
Consequentemente, você tem um kit de ferramentas muito mais limitado para o resto do jogo, já que você tem que guardar uma resposta para os lacaios revividos. Dessa forma, puxar o gatilho do N’Zoth relativamente mais cedo pode ser uma estratégia eficaz para acelerar sua escalada – de novo, se seu adversário não tiver uma resposta imediata em qualquer ponto, ele essencialmente perderá o jogo na hora.
Note como uma dinâmica semelhante ocorre com C’thun e remoções precisas – os dois Deuses Antigos trabalham em conjunto para fazer uma estratégia focada em fadiga essencialmente impossível no atual formato. (E não vou nem falar do Yogg-Saron, a carta que pode ou não pode invalidar completamente qualquer vantagem que você acumulou antes baseado em pura sorte…)
Esse é o primeiro de uma série de três artigos a respeito do metagame binário. No próximo vamos entrar na Arena e ver o quanto os tentáculos mudaram tudo desde a última vez que checamos…
Espero que tenham gostado da leitura e nos vemos no próximo post! ♥
Beijo Beijo!
