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Bom dia frequentadores da Taverna Hearthstone! Tudo bem com vocês? Não? Ah! Então vai ficar pois se você faz parte do grupo que ainda não entende muito bem bem como funciona substituição de cartas de acordo com o seu deck e a influência disso no turno fundamental… esse artigo vai te ajudar a esclarecer essas dúvidas. Então vem comigo!

Origens

Antes de irmos para o grosso do artigo, vamos discutir o pano de fundo da teoria do ‘Turno Fundamental’ e tentar tirar algumas ideias para Hearthstone.

Em 2000, um jogador profissional de Magic: The Gathering e membro influente na comunidade chamado Zvi Mowshowitz publicou um artigo chamado “Limpe o terreno e o Turno Fundamental”. Eu recomendo a você que clique no link e leia o artigo para que você seja introduzido ao conceito original do Zvi antes de irmos mais adiante. Mas esteja avisado, o artigo tem pelo menos 15 anos de idade e inclui algumas discussões bem detalhadas sobre vários aspectos específicos de Magic. De fato, Zvi usa o artigo principalmente para discutir algumas decklists que ele criou usando cartas novas ou inovadoras (na época, essa era uma coluna semanal) e apenas tangencialmente introduziu este conceito de Turno Fundamental (TF). Isso é interessante, porque o conceito de TF tornou-se uma das mais influentes e amplamente aceitas verdades sobre construções de deck na comunidade de Magic, portanto é uma pena ter isso oculto na obscuridade.

Com isso em mente, seria útil revisitar o conceito e discutir as implicações de sua aplicação em Hearthstone. Esse é um dos mais importantes conceitos que você pode pegar e aplicar na construção de decks; portanto, é crucial pensar sobre essas coisas antes de começarmos a construir novos decks para o meta atual. 

O Turno Fundamental

 Zvi disse que cada deck possui um “Turno Fundamental“, um ponto particular no tempo que o deck “Vence“. 

Isso não tem que ser uma vitória de fato. Na verdade seu turno fundamental não é o exato momento onde você reduz a vida de seu oponente para (0), mas sim o momento em que você prepara-se para vencer de forma inequívoca o jogo. Este é o turno onde o Mid Druid realizava o combo; quando o Guerreiro jogava a Comandante, Freguês Carrancudo, e usava Brado do Comando tudo junto; quando o Druida ainda tem 20 de vida contra um Zoo no turno 7 com um campo limpo; ou quando o Mago Congelante joga Alexstrasza com o dano na mão para matar você no próximo turno.

A equação funciona mais ou menos assim:

esquemadeturno

*No exemplo acima, ‘X’ é igual a um número de turnos equivalente ao nível do empecilho aplicado a você e sua capacidade de lidar com ela.

Em Hearthstone, é interessante pensar sobre o Turno Fundamental de um deck como se estivesse jogando contra um oponente nulo – isso dá a você um bom ponto de partida e ajuda a determinar se a base do deck é boa o bastante. Por exemplo, se você fizer tudo certo e vencer no Turno 7, esse é o seu Turno Fundamental.

O plano acima listado é nosso plano de para o jogo. É claro que em uma situação real nosso oponente tentará prolongar esse relógio, mas nós vamos querer sempre nos mover rumo ao nosso objetivo. Essencialmente, em cada jogo você está tentando alcançar o TF antes do seu oponente.

Se você tem o deck mais lento, você terá que atrasar o progresso do deck agressivo até que você possa chegar até o seu próprio TF. Se você está jogando com o agressor, você precisa ‘atravessar’ o deck mais lento para vencê-lo antes que ele chegue ao TF dele.

Sendo um deck mais lento, cada vez que você perturba o TF de seu adversário, você o atrasa um certo período de tempo (medido em  turnos). Isso dá a você mais turnos para jogar suas cartas e chegar a um momento onde seu próprio TF se torna relevante.

É importante notar aqui que o Turno Fundamental de decks em Magic é geralmente muito menor – não é incomum ver um TF de 2, 3 ou 4. Isso é porque Magic naturalmente possui muito mais interações que atrapalham o plano dos oponentes. Em Magic, você pode negar os feitiços dos oponentes, recursos, ou perturbar eles ao matar suas criaturas no turno deles. Já que tal mecânica interativa não existe e nem existirá em Hearthstone, o TF para decks mais lentos está geralmente entre o 7 – 10. Por causa disso, o conceito em Hearthstone principalmente se desenrola em torno de controle da mesa, como sendo o método primário pelo qual alguém irá vencer o jogo. Se você sabe que seu TF é 9, geralmente você passa os turnos 7-8 controlando a mesa com a visão de executar seu plano de jogo no turno 9. O jeito que o conceito funciona, as atribuições individuais de um placar de TF para cada deck só são úteis se olharmos para isso no contexto de um jogo e que esses decks estejam sendo usados nele. É lá que encontraremos o verdadeiro valor do conceito; onde ele acaba definindo match-ups.

É útil saber o TF de um deck que você está usando e como ele muda contra diferentes match-ups. A match-up geralmente determina o que é “fundamental” e consequentemente irá mudar seu TF. 

Por exemplo, limpar a mesa, ficar com muita vida e exaurir os recursos de um jogador de Caçador Face, é aí que você sabe que ganhou. Enquanto que jogar um bom combo Preparação de Batalha/Intendente pode ser o que você precisa contra um jogador de Guerreiro Controle. É importante notar que essa perspectiva deve ser avaliada em cada match-up individualmente, os aspectos fundamentais geralmente mudam e, portanto afetam seu TF.

É possível que seu deck não possua um TF definido, já que ele muda completamente baseado em diferentes match-ups. Isso é comum em decks “de coisas boas” que jogam cartas individualmente muito fortes e miram uma forte presença de campo jogando na curva. Aliás, esse fato também é a razão pela qual eu normalmente adoro decks de combo; eu me sinto mais confortável sabendo exatamente como eu ganho, e então trabalho meu caminho para atingir esse objetivo.

Quando estiver construindo um deck, também é uma boa ideia designar um placar TF para todo o meta. Isso faz você saber se seu próprio TF é bom o bastante – se você está tentando construir um deck controle que tenha um TF de 10, você precisa construir seu deck para lidar com a inevitável pressão que os decks com TF menor serão capazes de aplicar em você. E por último, turno 10 pode ser tarde demais para vencer, então você precisa filtrar seu deck ou escolher um outro novo que possa vencer mais rápido.

Hearthstone é um Meta de Turno 4

O que de fato isso significa?

Bem, geralmente quando você fala sobre o TF em relação ao meta, você precisa tirar algumas conclusões a respeito do deck mais rápido e então atribuir um valor que seja próximo ou exatamente igual ao TF desse deck. Em Hearthstone, o deck mais rápido é Caçador Face, que geralmente se prepara para matar no Turno 5 com uma imbatível combinação de armadilhas/lacaios/dano direto no Turno 4.

Se você não interagir de forma vantajosa com seu oponente nesse cenário, ele vai matar você. 

Isso significa que decks que possuam um TF mais tardio (leia-se: todo deck atual) devem interagir com o jogador do Caçador Face antes do Turno 5 a fim de deter o ataque. Aqueles “taunts” e “curas” que você está colocando em seu deck são as cartas que ajudam você a estabilizar-se, mas eles não podem e não vão vencer o jogo sozinhos. Tudo o que você fizer antes do Turno 5 é o que prepara você para o turno de estabilização com uma ou mais dessas cartas.

Isso marca o ponto de equilíbrio em torno do “Turno Fundamental”, o embate entre retardar seu adversário sem romper seu próprio plano de jogo. Você precisa pensar sobre cartas que atrasam seu adversário, mas também as cartas que aceleram seu próprio TF e chegar lá de forma produtiva. Não tem motivo em jogar uma carta que não atrasa o TF de seu oponente e nem acelera o seu próprio. Esse fato é a razão que há somente alguns lacaios de custo alto (6+) que são jogados; assim como há um grupo de cartas que fazem o que você quer “melhor” e não há muito espaço para o resto.

Implicações ao construir deck controle

Se pensarmos na Ladder como um formato de Turno 4, você precisa: ou jogar com um deck que tenha um TF de 4 ou menor, ou atrapalhar o plano de jogo do adversário o suficiente para atrasar o TF dele até o seu próprio.

Vamos dizer que você construa um deck, e determina que seu TF seja 10. Para torná-lo competitivo na Ladder, você precisará de uma combinação de duas coisas:

  • Reduzir seu TF para um nível mais parelho com os demais decks (o método proativo), e
  • Adicionar cartas que aumentam o TF do seu adversário (o método reativo).

Aplicando essa teoria, podemos observar um deck com um TF de 10, onde você colocaria um Petisco Zumbi extra e inclui um Robô de Cura por precaução (exemplo de Jogar no Modo Livre). Talvez isso aumente o TF do seu adversário de 5 para 8. Contudo, ele ainda vai vencer, a menos que você reduza seu próprio TF para 8 também. Neste exemplo, você não está fazendo nada para vencer o jogo antes que seu adversário o faça. É por isso que cada uma das estratégias mencionadas acima é tão importante quanto a outra.

É mais importante entender que exceto em algumas mais doidas (tô de olho em você, Mago Fadiga), você deve cuidadosamente atingir o balanço correto entre cartas que impedem o progresso de seus adversários e cartas que adiantam o seu próprio progresso.

Conclusão

Espero que este artigo tenha ajudado você a pensar sobre o processo que você segue quando constrói novos decks ou avalia tech cards para o meta da ladder. O conceito de Turno Fundamental é crítico para o entendimento de por que seu deck vai ou não vai bem em certos formatos, e o que precisa acontecer para torná-lo viável.

Algumas vezes a melhor coisa do conceito de TF é fazer você entender que seu deck NUNCA poderá ser bem sucedido em um formato, simplesmente porque o TF dele é muito alto, ou porque ele não pode interferir o bastante no TF do seu adversário a fim de aumentá-lo.

Gostaram do artigo? Ele foi postado no TempoStorm há um bom tempo pelo jogador Nocturne e vocês podem conferir o original em inglês clicandaqui.

Beijo grande e até a próxima!